Ostrovski foi um romancista russo nascido em 1904 e falecido em 1936. Ficou conhecido por "A construção de um herói", lançado no ano de sua morte.Este foi considerado o primeiro volume(inacabado) de "Nascido da Tempestade"(1936). Teve seus trabalhos publicados no período stalinista e é considerado um dos maiores representantes da prosa do chamado "realismo socialista".
"Assim foi temperado o aço" é um romance autobiográfico que começou a ser publicado, na Rússia, em abril de 32 na revista "Jovem Guarda".
Em novembro do mesmo ano saiu em forma de livro, em duas partes. Em pouco tempo o romance conseguiu grande popularidade, com uma tiragem de mais de 36,4 milhões de cópias.
Em linhas gerais pode-se resumi-lo dizendo que ele é a narrativa do de um jovem revolucionário -Pável (Pavliuk), persistente na defesa das conquistas do governo soviético durante a Guerra Civil. As dificuldades e tensões de sua vida simbolizam a história da classe operária russa, servindo de propaganda da máxima de que "os comunistas possuem uma vontade inquebrantável".
O cenário da obra é a Rússia de 1917, as mobilizações, a greve geral e a vitória bolchevique.
Posterior à vitória, vem a Rússia do "comunismo de guerra" : uma verdadeira luta pela sobrevivência do novo regime, o que faz surgir a NEP. Em seguida, vêm os longos debates dos comunistas a respeito dos caminhos para a construção do socialismo.Dez anos depois, o país se transforma numa grande potência industrial, capaz de derrotar os nazistas na II Grande Guerra. Neste contexto social, o trabalho de educação política ganha novas dimensões, lançando-se mão de todos os recursos disponíveis para a formação dos 'novos homens'. soviéticos. Artes gráficas, TV, rádio, cinema, escola, literatura, tudo a serviço desta missão de incutir os novos valores da nova ordem: surge o realismo socialista, do qual já falamos em mais de um post neste blog.Este livro é uma das manifestações mais conhecidas desse processo, tanto dentro da URSS, como no exterior.
Assim como seu personagem principal, Ostrovski também lutou pela causa: escreveu seu livro - uma obra colocada a serviço da causa soviética -apesar de uma séria doença que lhe impedia os movimentos e causava cegueira.
Em seu país foi cercado de grande devoção e popularidade.
Trotski que em seu livro "Literatura e Revolução" faz uma crítica feroz contra muitos escritores russos, não perdoando, as vezes, nem os soviéticos (chegou a chamar Gorki de "cantor de salmos") faz uma defesa apaixonada de Ostrovski, em resposta a um certo crítico literário da época que disse que o tema de rapto, através da comédia grega, chegou a Ostrovski. Trotski rebate:
"Sim, os temas emigram de povo para povo, de classe para classe, de autor para autor. Isso significa, simplesmente, que a imaginação humana é parcimoniosa. Uma nova classe não recomeça a criar toda a cultura desde o início, mas se apossa do passado, escolhe-o, retoca-o, o recompõe e continua a construir daí. Sem o uso do guarda - roupa de segunda mão do passado não haveria progresso no processo histórico. Se o tema do drama de Ostrovski veio do Egito através da Grécia, também o papel no qual ele escreve veio do papiro egípcio, passando pelo pergaminho grego".
E por aí vai, passando à criticar os próprios métodos do referido crítico. Não significa, no entanto, que só porque Trotski gostava do autor(ou do livro) que você vá gostar. Para saber, leia o livro, publicado pela Ed.Expressão Popular. Com 473 páginas. Seu preço é módico: apenas R$ 18,00.
Espero que gostem do aço, temperado com a luta contra a espoliação! Ou pelo menos este era o ideal dos que lutaram...
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