Há tempos atrás postamos um conto intitulado "Vassilissa, a Bela", um dos mais conhecidos da tradição russa. No conto popular de hoje a personagem é a Vassilissa, só que em outra situação: sem Baba Yaga, sem madrasta, enfim, esta é uma das muitas histórias que usam esta personagem.Aproveite e a conte a seu filho. Com certeza ele irá gostar e você o estará acostumando a gostar de ler...
Em certo reino, situado nos confins da terra, vivia um czar forte e poderoso que tinha ao seu serviço um jovem archeiro, possuidor de um belo cavalo. Uma vez, o o jovem foi caçar no bosque com seu galhardo cavalo. Enquanto trotava pelo caminho ele encontrou uma pena de ouro do pássaro de fogo.
Era uma pena que brilhava feito uma chama! O cavalo avisou-o:
- Não apanhes a pena de ouro, senão terás problemas!
E o valente rapaz pensava: "Apanho-a ou não? Se a apanhasse e a oferecesse de presente ao czar, ele recompensar-me-ia generosamente". E o archeiro não deu ouvidos ao cavalo. Apanhou a pena do pássaro de fogo e ofereceu-a de presente ao czar.
- Obrigado - agradeceu o rei. -Mas, já que foste capaz de encontrar uma pena do pássaro de fogo, traz-me também o pássaro! Se não o encontrares, aqui está minha espada. A tua cabeça cairá.
O archeiro começou a chorar amargamente e foi ter com seu belo cavalo.
Porque choras, meu amo?
- O czar mandou-me trazer-lhe o pássaro de fogo.
- Eu bem te avisei que não apanhasses a pena, pois te meterias em apuros! Deixa estar, não tenhas medo, nem fiques triste.Isto não é ainda nenhuma desgraça; a desgraça virá depois! Vai ter com o czar e pede-lhe que mande espalhar, amamhã, pelos campos cem sacos de grão.
O czar cedeu ao pedido e assim se fez.
No dia seguinte, de madrugada, o jovem dirigiu-se para os campos.
Deixou o cavalo passear livremente e escondeu-se por detrás de uma árvore. De repente a folhagem mexeu-se e as águas agitaram-se. Era o pássaro de fogo que voava muito alto, no céu. Chegou, pousou no chão e pôs-se a bicar os grãos. O galhardo cavalo aproximou-se dele, pousou um casco em cima de uma de suas asas. segurando-a com força contra a terra.
Nesse momento, o valente archeiro saiu de trás da árvore, atou com uma corda o pássaro de fogo, montou o cavalo e galopou em direção ao palácio, levando-o ao czar. Ao vê-lo, o soberano mostrou-se satisfeito, agradeceu ao archeiro o bom serviço que lhe prestara, recompensou-o fazendo-o subir de categoria e deu-lhe de imediato uma nova tarefa:
- Se foste capaz de segurar o pássaro de fogo, agora procura também minha noiva. No último dos reinos, nos confins da terra, onde o sol nasce em fogo, encontra-se a princesa Vassilissa: é ela que eu quero. Se a encontrares, recompensar-te-ei com ouro e prata. Caso a contrário, eis a minha espada: a tua cabeça cairá.
O archeiro foi ter com seu belo cavalo.
-Porque choras, meu amo?
Nesse momento, o valente archeiro saiu de trás da árvore, atou com uma corda o pássaro de fogo, montou o cavalo e galopou em direção ao palácio, levando-o ao czar. Ao vê-lo, o soberano mostrou-se satisfeito, agradeceu ao archeiro o bom serviço que lhe prestara, recompensou-o fazendo-o subir de categoria e deu-lhe de imediato uma nova tarefa:
- Se foste capaz de segurar o pássaro de fogo, agora procura também minha noiva. No último dos reinos, nos confins da terra, onde o sol nasce em fogo, encontra-se a princesa Vassilissa: é ela que eu quero. Se a encontrares, recompensar-te-ei com ouro e prata. Caso a contrário, eis a minha espada: a tua cabeça cairá.
O archeiro foi ter com seu belo cavalo.
-Porque choras, meu amo?
- O czar ordenou-me que encontrasse a princesa Vassilissa e lha trouxesse para o palácio.
- Não chores, nem te aflijas. Isto ainda não é nenhuma desgraça. A desgraça virá depois! Vai ter com o czar e pede-lhe uma tenda com uma cúpula de ouro, comida e bebida para a viagem.
O czar deu-lhe comida, bebida e a tenda com cúpula de ouro.
O valente archeiro montou o seu galhardo cavalo e iniciou a viagem ao último dos reinos. Depois de muito andar, chegou aos confins do mundo, onde o sol nasce, em fogo, do mar azul. Olhou com atenção e notou que no mar navegava a princesa Vassillissa numa barquinha de prata, remando com remos de ouro. O valente arqueiro pôs o cavalo a pastar no verde prado, onde havia erva fresca. Entretando, montou a tenda da cúpula de ouro, arrumou a comida e a bebida, sentou-se e começou a comer, enquanto esperava pela rapariga.
Vassilissa viu a cúpula de ouro e dirigiu-se para a margem; desceu da barquinha a fim de ver melhor a tenda.
- Olá, princesa Vassilissa! Entrai e provai os vinhos de além mar - convidou o arqueiro.
A princesa entrou na tenda. Começaram a beber, a comer e a divertir-se. Ela bebeu um copo de vinho de além-mar, embriagou-se e mergulhou num sono profundo. O valente archeiro com um grito chamou o cavalo, que apareceu imediatamente. O jovem desarmou a tenda da cúpula de ouro, saltou para o cavalo, levando consigo a princesa Vasilissa, que dormia, e pôs-se a caminho, veloz como uma flecha saída de um arco.
Chegou à presença do czar que ficou muito contente ao ver Vassilissa e agradeceu ao archeiro o bom serviço prestado. Recompensou-o com uma grande quantia de dinheiro e conferiu-lhe uma categoria muito elevada. Entretando, a princesa Vassilissa acordou e apercebeu-se de que se encontrava muito longe do mar azul. Suas feições alteraram-se e ela desatou a chorar, com saudades. Por mais que o czar a consolasse, tudo foi em vão. O czar a pediu em casamento, mas ela respondeu:
- Manda ao mar azul aquele que me trouxe aqui. No meio do mar há uma grande pedra, debaixo da qual está escondido o meu vestido de noiva. Não me casarei enquanto não tiver aquele vestido.
O czar chamou logo o valente archeiro:
- Rápido, vai aos confins do mundo, onde nasce o sol em fogo. Aí, no mar azul, há uma grande pedra, debaixo da qual está escondido o vestido de noiva de Vassilissa. Encontra-o e traga-o aqui.Chegou o o período do casamento.Se o conseguires, recompensar-te-ei ainda melhor do que antes. Caso contrário, eis a minha espada. A tua cabeça cairá.
O archeiro, chorando lágrimas amargas, foi ter com o seu belo cavalo: "Desta vez, não escapo".
- Porque choras, meu amo? - perguntou o cavalo.
- O czar ordenou-me que procurasse no fundo do mar o vestido de noiva da princesa Vassilissa.
- Pois é, eu bem te disse que não apanhasse a pena de ouro, porque só te iria trazer problemas! Não tenhas medo. Isto ainda não é uma desgraça. A desgraça só virá depois! Sobe para a minha garupa e vamos ao mar azul.
Depois de muito cavalgar, o valente archeiro chegou, então, aos confins do mundo e parou à beira do mar. O cavalo viu um enorme caranguejo que se arrastava pela areia e pôs-lhe o seu pesado casco em cima da carapaça.
O caranguejo implorou:
- Não me mates! Deixa-me viver! Farei tudo o que me ordenares!
O cavalo respondeu-lhe:
- No meio do mar azul encontra-se uma grande pedra, debaixo da qual está escondido o vestido de noiva da princesa Vassilissa. Vai busca-lo!
O caranguejo mergulhou e logo as águas fervilharam. Vindos de todos os lados chegavam em grande quantidade à praia pequenos e grandes caranguejos. O velho caranguejo deu-lhes uma ordem e imediatamente se lançaram à água. Uma hora depois traziam o vestido de noiva da princesa Vassilissa.
O valente archeiro regressou para o entregar ao czar, mas de novo Vassilissa se esquivou:
- Não casarei contigo enquanto não ordenares ao jovem archeiro que tome um banho em água fervente.
O czar, então, ordenou que enchessem de água uma grande banheira de ferro e que a água fosse a mais quente possível. Quando a água estivesse fervendo, que lançassem o archeiro dentro dela.
Depois de tudo pronto, os guardas trouxeram o jovem à presença do czar.
"Que desgraça a minha! Porque não dei ouvidos ao cavalo?" - pensava o infeliz.
Naquele momento, lembrou-se do cavalo e disse ao soberano:
-"Czar soberano, permita-me que me despeça do cavalo antes de morrer!"
- Está bem, concedo-te este último desejo.
O arqueiro, então, se dirigiu chorando ao cavalo.
- Porque choras, meu amo?
- Ai de mim! O czar mandou-me tomar banho em água escaldante e eu, com certeza, morrerei.
- Não tenhas medo, não chores. Não morrerás - disse-lhe o cavalo, que rapidamente fez um feitiço ao archeiro, de modo que a água fervente não lhe estragasse o corpo branco.
O archeiro voltou, então, para junto do czar.Logo os guardas o amarraram e o lançaram dentro da banheira. O pobre foi ao fundo uma ou duas vezes e depois voltou para fora.
O espanto foi geral: o archeiro tinha ficado tão belo, que não haveria pena capaz de descreve-lo!
Quando o czar viu que o archeiro tinha ficado tão belo, desejou banhar-se também. Mergulhou na água e,num instante, morreu. Sepultaram-no e, em sua substituição, escolheram o valente cavaleiro. Este desposou a princesa Vassilissa e viveu com ela para sempre.
Fonte: Os mais belos contos de fadas russos
2 comentários:
E o cavalo???? Gostei tanto dele.
Quantas paginas tem o livro ?
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