quinta-feira, 10 de março de 2011

UM POUCO DE VLADIMIR NABOKOV


Vladimir Nabokov nasceu em Petersburgo, no ano de 1899. Na época, esta cidade ainda era a capital do Império. Filho de um membro do partido Cadete - principal representante da classe dominante russa na época do governo provisório de Kerensky (pré-1917.Estreou como poeta em sua terra natal, mas sua carreira só tomou impulso depois que deixou a Rússia, em 1919. Se com seus versos não conseguiu lugar de destaque, sua prosa o colocou em posição similar à de Ivan Bunin,considerado um mestre da literatura emigré(1).
Na Europa, Nabakov publicou importantes novelas experimentais, entre elas "Defesa de Lushin"(1930), "Desespero"(1936), "Convite a um Degolado"(1938), "A Dádiva" (1938), obras estas responsáveis pelo surgimento, no cenário internacional, de um ramo do modernismo literário típico de Petersburgo, apesar de alguns traços meio kafkanianos, meio proustianos, segundo alguns. Na realidade, o que houve foi uma influência de "Petersburgo", do russo Andrei Beli, chegado ao surrealismo, ao absurdo. Teve, também, grande influência de Puchkin e Gogol, à poesia de Block.

Segundo Solomon Volkov, no seu livro "Petersburgo, uma história cultural",
"o mundo que triunfa em suas novelas é aquele da exagerada teatralidade de Petersburgo; seu estilo refinado, espirituosa inventividade e significado existencial comprovam o nascimento de um grande talento.Contudo, o establisment de Londres e Paris não demonstravam qualquer pressa em reconhecê-lo. Recusava-se traduzi-lo e publica-lo, simplesmente por ser um refugiado dos bolcheviques, o que aos olhos da intelligentsia ocidental de esquerda era sinônimo de reacionário".
Quando na Europa começaram a publica-lo, alguns críticos foram super hostis. O próprio lançou, sobre ele, toda sua hostilidade: segundo Solomon Volkov,
"A resenha que Sartre produziu sobre Desespero é um bom exemplo (da hostilidade da esquerda ocidental para com Nabokov). Antecipando os argumentos das críticas stalinistas do fim dos anos 40, ele disse que o novelista russo carecia de raízes nacionais, contrapondo-o a escritores soviéticos, "membros úteis da sociedade socialista".
Face a tais hostilidades, fica fácil imaginar as dificuldades que Nabokov entrentou em Paris, onde vivia exilado, após ter vivido em Berlim, quando iniciou atividades literárias no exterior, com o romance "Maria". De Berlin, fugiu do Nazismo. Da França, fugiu das dificuldades causadas por sua situação de emigré. Foi para os EUA em 1940. Lá vivia do ensino da língua e literatura russa em universidades. Continuava, então, a escrever em russo, começando, ao mesmo tempo, a escrever em inglês.Lança seu primeiro livro neste idioma: A vida verdadeira se Sebastian Knght., em 1941. Catorze anos depois, lança Lolita, também em inglês.

Nabokov, nos EUA, influenciou bastante colegas norte americanos. O adjetivo "nabokoviano" passou a fazer parte das análises literárias.Seu período americano durou quase 20 anos e passou a assumir uma nova cidadania. Parou de escrever em russo , se tornando, então, um escritor americano, transformando o ramo do modernismo de Petersburgo no exterior em uma versão especificamente americana. Em contrapartida, plantou o mito de Petersburgo nos EUA, através de obras que tinham por alvo um público que tinha condições de viajar pelo mundo.

Ensinando literatura russa, divulgou sem tréguas a arte de Gógol, enfatizando sua perfeição formal e sua visão existencial. Escreveu, inclusive, uma biografia sobre o autor de "O Inspetor Geral" (infelizmente, inexistente em nosso país, como tantas outras obras de valor; traduziu, genialmente, Eugene Onegin, de Puchkin, desencadeando uma onda de interesse pelo poeta maior no mundo de língua inglesa.

Em 1951 publica sua autobiografia: "Fala memória", que tem como verdadeiro motivo sua terra natal, com ênfase para a cultura liberal e cosmopolita na Petersburgo pré-revolucionária, da qual Nabokov se considerava legítimo herdeiro.

Faleceu na Suíça, em 1977.
Museu Nabokov,em São Petersburgo
na casa que pertenceu à família Nabokov


com a esposa Vera

Túmulo do escritor, em
Cimetière de Clarens, Suíça
ENTRVISTA DE NABOKOV À TV FRANCESA-1975
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(1)Considerado emigré o artista russo que buscava liberdade criativa no ocidente. Os primeiros emigrés ou exílios culturais antecederam a Revolução Bolchevique, podendo-se localiza-los já no ano de 1907.

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