quarta-feira, 8 de setembro de 2010

UM POEMA DE OSIP MANDELSTAM (DE 1909)


O corpo me é dado - e com que fim,
Meu corpo único, tão de mim?

Pela alegria chã de respirar,
silenciosa, a quem devo louvar?

Sou jardineiro e sou flor - cativo
na prisão do mundo sozinho não vivo.

E já nos vidros da eternidade
Cai meu calor, meu respirado.

Nela se grava um desenho para sempre,

Irreconhecível de tão recente.

Escorra do momento a água turva -
O desenho amado não esbate à chuva.


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