quarta-feira, 8 de setembro de 2010

LIVRO DO DIA: O MARCADOR DE PÁGINA (SIGISMUND KRZYZANOWSKI)

Mais um livrinho danado de bom da Editora 34, com sua fabulosa "Coleção Leste".Su autor é considerado autor  russo( por ter escrito em russo), mas é ucraniano, nascido em Kiev, apesar de possuir nome e sobrenome poloneses (à época de seu nascimento, a Ucrânia pertencia ao Império russo).

 Transliterando-se seu nome diretamente do russo (Сигизму́нд Домини́кович Кржижано́вский) teríamos Siguismund Krjijanóvski, não tão impronunciável como consta da orelha do livro).

Conhecendo um pouco o autor:
Com base em sites russos, citados no final deste post, temos que Krijijanóvski viveu de 1887 a 1950.Nascido no seio de uma família de imigrantes poloneses,  foi advogado, romancista, dramaturgo, tradutor, filólogo,  filósofo, historiador e teórico de teatro. Fez seus estudos em Kiev, indo para Moscou em 1922, cidade que não abandonará mais e onde rapidamente ficou conhecido no círculo teatral. Fazia constantes leituras públicas de seus textos. Apesar disto, raramente conseguia editar seu trabalho, ganhando a vida com atividades extra-literárias.
Suas principais obras foram:

  • O retorno do Barão de  Münchhausen
  • Clube dos assassinos de letras
  • Memórias do futuro (editado na Rússia em 1989)
  • Um tema estranho
  • Sinal de Moscou

Além dos títulos relacionados, o autor escreveu ensaios, contos, novelas, romances e roteiros teatrais.
No site a seguir, o leitor interessado poderá encontrar, em russo, as obras do autor em formato de livro virtual:









Em relação ao livro em questão - O marcador de páginas,ele é composto por 6 novelas, entre elas a que lhe dá o título.Possui, ainda:
  • O quadraturin
  • O carvão amarelo
  • A décima terceira categoria da razão
  • Dentro da pupila
  • O cotovelo que não foi mordido

A temática dos contos segue o estilo descrito nos parágrafos seguintes:
"Acompanhando, do cemitério à cidade, um morto insepulto que, embora insista em continuar andando e falando, apodrece e se enrijece como qualquer cadáver normal, um coveiro o perde de vista em meio à multidão.
Numa época futura (que por pouco não é a nossa),  em que já se esgotaram todos os combustíveis e a indústria está prestes a se estagnar, um cientista descobre como extrair energia da bile, ou seja, do ódio humano."
A atualidade deste tema me chamou a atenção: hoje em dia, com tanto ódio grassando entre os povos, entre religiões, entre partidos políticos, se algum cientista conseguisse tal intento, acabariam as guerras, maioria delas feitas por sede do petróleo...

Divagação a parte, temas como esses são o ponto de partida para os contos reunidos neste livro da Editora 34, todos tratados de forma sutil e inusitada, como inusitado era o mundo soviético retratado pelo autor, o que explica o fato de só mais recentemente ele ter sido publicado.
Quanto à novela título, tem por protagonista
 "um caçador de temas, um escritor sucessivamente rejeitado pelas editoras, que passa o tempo desenvolvendo, oralmente, a partir do que quer que visse por perto, histórias complexas para a platéia circunstancial de uma praça da capital. E, naquilo que relata ao narrador acerca de como um redator rejeitara seu texto, é fácil entreouvir o que teria sido dito, mais de uma vez, a Krjijanovski em pessoa:
'O senhor tem uma pena. Mas uma pena precisa ser contida por uma caneta, e a caneta, pela mão. Seus contos são...be, como vou dizer - prematuros. Esconda-os. Que esperem."
Este livro é mais uma confirmação da grandiosidade e excelência da literatura russa. Recomendo ao amigo do blog que o consiga, ainda que seja em sebos (ele é um livro esgotado) ou em bibliotecas: sua leitura é obrigatória aos amantes da boa literatura.


    bibliografia
    http://ru.wikipedia.org/wiki/Кржижановский_С.
    http://az.lib.ru/k/krzhizhanowskij_s_d/
    http://dic.academic.ru/dic.nsf/enc3p/168062

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