Seu autor não é o mesmo Nikolai que escreveu "Ivan, o Terrível", ""Pedro, o Grande" (ambos já postados neste blog), "Aelita" e outros tantos. Este Nicolai nem nasceu na Rússia:trata-se de um historiador britânico, com antepassados russos (ao que parece, descende da mesma família de Lev Tolstoi).
Aqui, trata-se mais de uma interpretação da política soviética, do que de uma biografia propriamente dita, onde o autor denuncia as manobras do serviço secreto soviético e o regime de terror instaurado por Stalin.
Eu dou um pequeno desconto a tudo o que está escrito nele, a partir do pressuposto de que o livro foi escrito no auge da Guerra Fria(1981) e seu autor é de um país notoriamente anti-soviético; no entanto, isto não invalida o livro, que possui um retrato muito interessante de Stalin e sua política de terror."No início, as leis, na medida em que fossem necessárias, existiriam para suprimir a resistência das classes hostis aos interesses do proletariado".
O autor começa ainda na época de Lenin, lembrando que o objetivo deste era
"livrar a Rússia de todos os insetos nocivos, isto é, de todos que se opunham à sua tomada de poder",discorrendo sobre o papel dos Sovietes, sobre a NKVD (antecessora da KGB), sobre as leis soviéticas, desde sua primeira Constituição (de 1918, que já declarava, abertamente, um regime ditatorial para a URSS), passando, então, ao período de Stalin, mais poderoso do que qualquer autocrata o foi. A URSS era Stalin, o que ele pensava, o que ele queria. E o que ele pensava e o motivava a agir, era - em parte - fruto de seus temores, muitas vezes infundados ou irreais.
O autor tenta suprir o que ele chama de falha dos autores de excelentes livros sobre a Rússia soviética, que descrevem seus aspectos isoladamente. No livro, ele tenta englobar tudo sob uma mesma ótica: o contexto social da URSS stalinista e a motivação do ditador, que era a manutenção da estabilidade interna soviética.
Mas, na realidade, quem foi este todo poderoso, que nas fotografias e retratos está sempre tão calmo e majestoso, inabalável, completamente diferente da realidade? Ele tinha aversão a aparecer em público, talvez "devido àconsciência de suas próprias deficiências.
E, a seguir a esta observação, o Tolstoy britânico coloca uma observação do russo Chostakóvitch:
"não parecia em nada com seus numerosos retratos. Stalin mandou fuzilar vários pintores. Eram chamados ao Kremlin para retratar Líder e Professor para a eternidade, mas aparentemente não o stisfaziam. Stalin queria ser alto, com mãos fortes. Nalbadian (um pintor da corte) enganou a todos. No seu retrato, Stalin caminha diretamente para o observador com as mãos cruzadas sobre o estômago. É visto de baixo para cima, num ângulo que faria um liliputiano parecer um gigante"..."Sua mão direita era visivelmente mais fina do que a esquerda. Stalin procurava sempre esconde-la".E por aí vai o autor, citando os defeitos físicos do ditador e relaciondo-os a uma das motivações de seus comportamentos brutais.: ele era baixinho, tinha o rosto bexiguento, marcado pela varíola, enfim, tudo como ele não queria ser e, por isso, era raro dar entrevistas ou aparecer em público; tinha os artelhos do segundo e terceiro dedo do pé esquerdo pregados; magro, com o cotovelo esquerdo rígido em virtude de um acidente e o braço esquerdo mais curto.
Quanto ao seu caráter, era bem mais defeituoso do que seu físico: adorava humilhar a todos, até a seus seguidores e familiares; só não humilhava os que julgava mais poderosos do que ele (evidentemente, fora da URSS).
Stalin era obsessivo e via inimigos por toda a parte. Quem era contra ele, naturalmente era seu inimigo; quem por ele demonstrava muito amor, corria, também, sério risco, pois "quem ama muito pode se decepcionar".
E, em meio a muitos casos e fatos, o autor nos conduz a uma visão mais completa deste lider tão polêmico, que dizia:
"Não confio em ninguém, nem em mim mesmo".Nikolai Tolstoy apresenta, ao final do livro, uma ampla bibliografia. Da minha Parte, sugiro, também, os livros Vinte Cartas a Um Amigo, da filha de Stalin (publicado em partes neste blog) e "As Fitas Secretas Da Glasnost", de Nikita Krutchov. Estes livros complementarão as informações sobre Stalin e foram, também, utlizados como fonte de pesquisa de "A Guerra Secreta de Stalin".
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