Aqui no Brasil, quando a gente fala em Boris Pasternak vem sempre a imagem do filme "doutor Zhivago" à mente. Mas este russo maravilhoso foi muito mais do que o autor do livro "Dr. Zhivago. Ele pertencia à geração que deu grandes poetas, como Blok, Essenin e Maiakovski.
Boris Leonidovitch Pasternak nasceu na "minha" Moscou em 10/02/1890, morrendo em Peredelkino, próximo a Moscou, em 1960, no mês de maio.
Seus pais eram ligados à arte: mãe pianista e pai pintor, passou a juventude em uma atmosfera cosmopolita. A princípio se interessou pela música. Abandonou a idéia, indo estudar Filosofia na Alemanha e retornou a Moscou em 1914, ano em que publicou sua primeira coleção de poesias. Durante a Primeira Guerra Mundial, ele trabalhava e dava aulas em uma usina química dos montes Urais, o que lhe deu matéria para a sua famosa saga - Doctor Zhivago - anos mais tarde. Após a Revolução de Outubro, foi trabalhar como bibliotecário do Comissariado de Educação, unindo-se ao grupo de poetas de vanguarda que experimentava novas técnicas de ritmo e composição. A maioria de seus poemas foi publicada entre 1917 e 1932 e lhe deu posição de destaque no mundo das letras, o que era grande "milagre" para a época em que viveu.
Ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1958, mas ele não foi autorizado a recebê-lo por razões políticas.
Eu acabei e tu estás viva.
E o vento, queixando-se e chorando,
abana a casa e as árvores à volta.
Não cada pinheiro isoladamente,
mas todas as árvores juntas
de todos os infinitos distantes,
como navios ao sabor das correntes
nas baías brilhantes ancorados.
E isso não por audácia
ou por frenesia insensata,
mas para na melancolia encontrar a palavras
para a tua canção de embalar.
..............
É assim que começam. Pelos dois anos
separam-se da ama para o enigma das melodias,
gorjeiam, assobiam, - e as palavras
surgem por volta dos três anos.
É assim que começam a entender.
E no ruído pior que uma turbina
parece que a mãe não é mãe,
que eles não são eles e a casa é outra.
Que fazer da terrível beleza
que se senta no banco lilás?
Realmente quer roubar crianças?
E assim nascem as suspeitas.
Assim amadurecem os receios. Aceitar
a estrela alta inatingível,
quando se é Fausto, quando se é visionário?
E assim começam os ciganos.
É assim que se abrem, voando alto
sobre as cercas, onde estão as casas ausentes,
dos mares súbitos como suspiros.
É assim que nascerão os jambos.
Assim nas noites de Verão, de barriga
na areia, e a súplica: Seja!
Ameaçam a aurora com a tua pupila.
E até se atrevem a discutir com o sol.
É assim que começam a viver de poesia.A título de curiosidade, um video de Pasternak declamando um trecho de seus poemas. Este video pertence ao acervo do Museu Pasternak, em Moscou:
Boris Leonidovitch Pasternak nasceu na "minha" Moscou em 10/02/1890, morrendo em Peredelkino, próximo a Moscou, em 1960, no mês de maio.
Seus pais eram ligados à arte: mãe pianista e pai pintor, passou a juventude em uma atmosfera cosmopolita. A princípio se interessou pela música. Abandonou a idéia, indo estudar Filosofia na Alemanha e retornou a Moscou em 1914, ano em que publicou sua primeira coleção de poesias. Durante a Primeira Guerra Mundial, ele trabalhava e dava aulas em uma usina química dos montes Urais, o que lhe deu matéria para a sua famosa saga - Doctor Zhivago - anos mais tarde. Após a Revolução de Outubro, foi trabalhar como bibliotecário do Comissariado de Educação, unindo-se ao grupo de poetas de vanguarda que experimentava novas técnicas de ritmo e composição. A maioria de seus poemas foi publicada entre 1917 e 1932 e lhe deu posição de destaque no mundo das letras, o que era grande "milagre" para a época em que viveu.
Ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1958, mas ele não foi autorizado a recebê-lo por razões políticas.
VENTO
Eu acabei e tu estás viva.
E o vento, queixando-se e chorando,
abana a casa e as árvores à volta.
Não cada pinheiro isoladamente,
mas todas as árvores juntas
de todos os infinitos distantes,
como navios ao sabor das correntes
nas baías brilhantes ancorados.
E isso não por audácia
ou por frenesia insensata,
mas para na melancolia encontrar a palavras
para a tua canção de embalar.
..............
É assim que começam. Pelos dois anos
separam-se da ama para o enigma das melodias,
gorjeiam, assobiam, - e as palavras
surgem por volta dos três anos.
É assim que começam a entender.
E no ruído pior que uma turbina
parece que a mãe não é mãe,
que eles não são eles e a casa é outra.
Que fazer da terrível beleza
que se senta no banco lilás?
Realmente quer roubar crianças?
E assim nascem as suspeitas.
Assim amadurecem os receios. Aceitar
a estrela alta inatingível,
quando se é Fausto, quando se é visionário?
E assim começam os ciganos.
É assim que se abrem, voando alto
sobre as cercas, onde estão as casas ausentes,
dos mares súbitos como suspiros.
É assim que nascerão os jambos.
Assim nas noites de Verão, de barriga
na areia, e a súplica: Seja!
Ameaçam a aurora com a tua pupila.
E até se atrevem a discutir com o sol.
É assim que começam a viver de poesia.
FOTOS DO ESCRITOR:
Um comentário:
Amei sua postagem sobre o Boris, a a, eu sou apaixonada pelos poemas dele. Seu blog é maravilhoso, continue com essas postagens.
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