KRUSTO RAKOVSKI : A VÍTIMA BÚLGARA DAS GARRAS DE STALIN

Quando se fala nos expurgos de Stalin, imaginamos que as vítimas foram todas soviéticas, mas - entre tantos os que morreram como "inimigos do povo" houve muitos estrangeiros vitimados por suas longas garras. Entre eles cito, especialmente, Krusto  Rakovski, um búlgaro, cujo verdadeiro nome era Krusto Gueorguiev Stanchev. Era político e ativista do movimento comunista internacional, chegou a ocupar o cargo de Primeiro Ministro da Ucrânia soviética, foi diplomata pela URSS, entre outras coisas. Nascido em 13 de agosto de 1873, na cidade de Kotel, a leste da Bulgária (fotos abaixo).

Cursou o ensino médio em Varna e Gabrovo,terra do pai da Presidenta Dilma Rousseff .

 Gabrovo

 Varna

Foi estudando medicina em Genebra, Suíça, ainda muito jovem, que começou a ser influenciado por idéias socialistas. Mais tarde, estudou na Alemanha e foi defender tese de Psiquiatria na França, na Universidade de Monpellier. A partir de 1890, torna-se amigo de importantes marxistas de diferentes países, como Paul Lafargue e Rosa de Luxemburgo, além do próprio Lenin. Trava relacionamento com Engels, participando ativamente das discussões sobre o papel da intelectualidade na luta pelo socialismo.Se destacou nos movimentos socialistas búlgaro e romeno, mas é na própria URSS que seu trabalho político se mostrou da maior importância. No VII Congresso  do Partido, em março de 1919, Rakovski foi eleito membro do Comitê Central; depois, por recomendação do próprio Lenin, passa a ocupar o cargo de Presidente do Conselho de Comissários do Povo da Ucrânia; participa da árdua luta contra a intervenção estrangeira e contra as tropas dos guardas brancos, adotando medidas para a mais rápida consolidação do poder soviético. Sua maior preocupação foi a de defesa dos interesses da maioria da população ucraniana, formada pelos camponeses. Lenin teve a oportunidade de defender Rakovski contra acusações de membros extremistas do partido Bolchevique.

Como diplomata, Rakovski  é um dos responsáveis pelo fim do isolamento internacional do nascente estado soviético.

Em um encontro com Rakovski, o premiê búlgaro da época, Aleksandr Stambolyisk, escreveu:

"Na conferência(1), os russos bolcheviques são os mais interessantes e têm como homem mais forte de sua delegação o búlgaro Rakovski".

Rakovski e Stambolyisk

Rakovski foi, ainda, o primeiro Embaixador soviético em Londres e, depois, em Paris. Se destacou em ambas as embaixadas. Ele soube, habilmente, vincular as negociações sobre a dívida czarista e as exigências de compensação pelas propriedades nacionalizadas com a questão do reconhecimento político da URSS. Pra o historiador inglês E.Carr, ele foi o melhor diplomata dos anos 20.

Infelizmente, nada disto foi levado em consideração e ele caiu em desgraça por sua oposição aos métodos ditatoriais de Stalin. Foi expulso do partido em 1927, sendo reabilitado alguns anos depois, até que em 1937 é expulso definitivamente e condenado a vinte anos de prisão na Ásia Cantral, ao lado de Bukharin e outros, num processo forjado. De sua vida nos campos de concentração quase nada se sabe, até que, finalmente, sem nenhum julgamento, é fuzilado sumariamente em 1941, ao lado de outros 154 presos políticos. Alguns de seus parentes mais próximos, inclusive sua viúva e seu filho, morreram, vítimas da repressão daqueles anos de terror.

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 Notas
(1) Conferência Internacional de Gênov

Fonntesa

-Bulgária:  Autogestão e Socialismo (Ivan Godoy - Ed,Akfa-Ômega

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