Era uma vez - quando? As nuvens do desconhecido encobrem esse tempo... Era uma vez, enfim, uma grande aldeia que ficava às margens de um rio e, nessa aldeia, como é natural, havia muitos rapazes e um bom número de moças. Eis que, num belo dia de verão, as moças se reuniram para se banhar. Chegaram ao rio, retiraram os lenços que lhes cobriam a cabeça, depois sentaram-se na relva, esperando sentir um pouco menos de calor, antes de entrarem para o banho. E, sentadas, começaram a conversar sobre os moços com que simpatizavam, qual deles era o mais bonito e outras tolices desse tipo. Somente uma delas nada dizia. Tratava-se de uma órfã, chamada Frosia, muito pobre, mas tão bela que ninguém se cansava de contempla-la. Clara, bem feita, tinha olhos azuis como os miosótis. E ali estava sentada, sem abrir a boca. Suas companheiras começaram a aborrece-la com perguntas.
_ Não tens namorado?
_ Onde está ele?
_ É rico?
_ É bonito?
E a moça respondeu:
_ Pobre como sou, de que maneira poderia ter um namorado rico e bonito? Talvez uma cobra quisesse ser meu namorado...
Ma a pequena Frosia pronunciara essas palavras, todas as suas companheiras gritaram ao mesmo tempo:
_ Ah, uma cobra! Ali está´uma cobra!
E fugiram a correr. A moça olha ao redor e, sobre o lenço que deixara no chão, vê uma enorme cobra preta. Ficou apavorada! A cobra, entretanto, deu um salto, bateu contra a terra, ergueu-se, e se transformou em um belo príncipe, com um capacete de ouro sobre os cabelos ondulados, os olhos cintilantes. De sua boca saíam palavras doces como o mel. Disse à moça:
_ É verdade que consentirias em te casar com uma cobra?
Ela, sem saber o que responder, olhava para o jovem e perguntava a si própria:
"De onde pode ter vindo homem tão belo?"
Ele, como se lhe adivinhasse o pensamento, disse:
_ Não sou uma simples cobra, mas o rei do reino das águas e meu reino fica bem perto daqui, no fundo da água azul, sobre a arei de ouro.
Viu nos olhos de Frosia, que ela estava disposta a segui-lo e, levantando-a em seus braços vigorosos, atirou-se com ela para o reino das profundezas líquidas...
Casaram-se e Frosia nem podia acreditar em tanta felicidade. Ele era tão bom, tão inteligente! Jamais ela vira alguém assim e estava certa de que em parte alguma poderia existir outro homem que se parecesse aquele rei do livre reino das águas. Sentia-se feliz por gostar dele e não se cansava de contempla-lo e de lhe ouvir a voz. Como desejava ser imortal, para nunca ter de se separar de seu marido!
Passaram-se, assim, sete anos, no fundo das águas, em palácios de cristal, e os sete anos se passaram como se fossem um dia, sem que a felicidade de Frosia terminasse. Durante esse tempo, nasceram-lhe um menino e uma menina.
Subitamente, sem razão alguma, a jovem começou a entediar-se: tinha saudade da terra, gostaria de rever sua aldeia e as amigas tagarelas...
O rei consentiu que ela se ausentasse, com seus filhos, durante três dias, depois de lhe ter feito jurar que nem ela, nem as crianças, dariam a entender quem era seu marido e como viviam eles. A moça prometeu, sob terríveis juramentos.
_Dentro de três dias _ disse-lhe ele _volta a este mesmo lugar e chama três vezes:"Cuco!"Eu aparecerei imediatamente.
Frosia manteve a palavra e nada revelou às amigas. Então elas se puseram a acariciar as crianças e a suplicar-lhes que lhes contassem tudo. O menino, embora mais novo do que a irmã, era mais inteligente do que ela, e a todas as perguntas respondia:
_Eu não sei!
A pequenina, porém,não se conteve e contou tudo. As invejosas tagarelas não queriam outra coisa e depressa foram contar a história aos seus maridos.
Estes chegaram à beira do rio e pronunciaram a palavra mágica. A cobra veio à superfície e foi morta por aquela gente perversa.
Antes de morrer, o rei das águas teve tempo de dizer à Frosia:
_Eu te agradeço, minha querida esposa, por dever minha morte à indiscrição de nossa filha...Voa sob a forma de um cuco cinzento e repete melancolicamente a palavra mágica "Cuco!" da primavera ao outono. E, a partir do outono, que todas as aves, grandes e pequenas, te persigam! "E tu, filha traidora, serás urtiga, uma erva ardente, que queima, a fim de que chores continuamente a morte de teu pai!
"E tu, meu filho fiel, que não esqueceste os conselhos paternos, serás uma avezinha adorável, o harmonioso rouxinol, que viverá e cantará nos jardins e nas moitas, para a alegria dos homens e consolo dos infelizes"!
Foi assim que surgiram na terra o cuco, a urtiga e o rouxinol.
fonte: "Clássicos da Infância - Lendas do Mundo Inteiro
Editado pelo Círculo do Livro-1989
fonte: "Clássicos da Infância - Lendas do Mundo Inteiro
Editado pelo Círculo do Livro-1989
3 comentários:
Oi Milu, quanto tempo rs? Bem legal essa lenda russa, viu. A pouco tempo, eu postei no meu blog sobre a conquista do Campeonato Ucraniano pelo Shakhtar Donetsk http://woesporte.blogspot.com/2011/05/shakhtar-donetsk-campeao-ucraniano-com.html e sobre o Campeonato Soviético de futebol http://woesporte.blogspot.com/2011/05/futebol-campeonato-sovietico.html , se quiser postar no seu blog, fique a vontade.
Ah, estou compartilhando no twitter esse post. Até mais.
Olá, querida
No fim, tudo terá um proveito próprio... certamente!!!
Bjs de paz e tenha alegria na semana.
Fábulas sempre nos levam a lugares altos para podermos admirar tudo ...
Eu não conhecia esta fábula que acabei de ler,muitíssimo interessante.Cada vez aprendo mais aqui.Um grande abraço!
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