Antes de transcrever a poesiaVozniessienski, umas breves palavras a respeito deste poeta.
Andrei Andreievitch Vozniessienski nasceu em 12 de maio de 1933, em Moscou.
Ainda estudante de Arquitetura, enviou alguns de seus textos a Boris Pasternak, que ficou entusiasmado com o talento de Andrei.Nascia, aí, uma grande amizade. Além de amigo, Pasternak se tornou protetor de Andrei, conseguindo publicar seus primeiros poemas em 1958.
Além de excelente poeta, Andrei Vozniessienski era um exímio declamador, qualidade, aliás, com um aos russos: nada mais lindo do que quando, ao final de uma reunião ou um jantar entre amigos, um deles se levanta e começa a declamar um Puchkin, uma Akhmatova. Me emociona e me frustra, pois jamais conseguiria dar a um poema igual entonação, igual emoção.
Voniessienski dava recitais de poesia que se tornaram famosos na Rússia e, por isso, muito concorridos.
A partir de 1963, por ser considerado pelo regime "excessivamente experimental", ficou sob vigilância por algum tempo e impedido de publicar seus trabalhos ou de se apresentar em público, apesar de seus poemas serem, em geral, apolíticos.Aliás, sua temática favorita é o desejo de liberdade(isto, é claro, devia irritar o regime) e a força do espírito humano, tudo com toques satíricos ou surrealistas. Suas metáforas são brilhantes, ele merece ser melhor conhecido pelo público brasileiro.
Assim que acabou o período de seu impedimento de se apresentar em público, ele lotava estádios e grandes salas. Não estranhem - o russo ama poesia.
Muitas de suas poesias foram musicadas, a exemplo de uma delas, no post anterior. Seu livro "Juno e Avos" foi escrito em 1979 para a ópera-rock de Nikolái Rezanov.
Hoje deixo postada "A Preguiça", extraída do livro "Poesia Soviética", com tradução de Lauro Machado Coelho.
"Abençoada preguiça, que delícia de armadilha,
quando é tanta que nem me levanto, nem durmo de novo.
Preguiça de atender o telefone. Você o alcança,passando uma perna por cima de meu corpo,
ouço a sua voz pertinho de mim, soando como um sino,
e meu estômago é comprimido pelo seu ombro.
"Entradas?" - diz você -"Que vão para o diabo. Ai, que preguiça!"
Dentro de nós a lentidão dos dias mergulha na sombra,
A preguiça é o motor do progresso. A chave para Diógenes é a preguiça.
Só o que sei é que você é encantadora -
o resto é lixo.
Este mundo é feio? Dê um jeito de ir levando.
Preguiça de ir pegar o telegrama - passe-o por baixo da porta.
Preguiça de ir jantar, preguiça de apagar a luz,
preguiça até de terminar a frase:
hoje é segun...
Nesta estrada o mês de junho,
bêbado, derramou-se:
sátiro com pés de bode
descalços - e usando shorts.
Andrei morreu em maio de 2010, de doença
Deixo você com um vídeo anunciando a morte do poeta. Nele, aparecem imagens do poeta.
Ушел из жизни Андрей Вознесенский
A seguir, o poeta declama:
2 comentários:
Milu, porque será que me identifiquei com a poesia dele hein???? kkkkk Obrigada por nos propiciar a oportunidade de conhecer esses ilustres ai viu!!!! bjsss
Um luxo o seu blog, Milu!
Dei uma diagonal na lista de temas: tenho ali um vasto e precioso estoque para muitas vindas aqui.
E informarei a meu irmão e a vários amigos que moram em Beagá e curtem boa literatura que a cidade tem um consulado literário russo.
Beijos
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