quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

POEMANDO COM PUSHKIN: O PROFETA

O PROFETA
escrito em 1826

Ceio de sede espiritual
No ermo sombrio eu me arrastava,
E um serafim ou ser igual,
Na encruzilhada me esperava.
Minhas pupilas tocou com
Dedos leves qual sonho bom:
Para prever fê-las bastantes
E às da águia arisca semelhantes.
As mãos nestas onças por
Quis e ei-las plenas de rumor.
Ouço dos céus o movimento,
De anjos do empíreo o adejar,
Do que há sob a água o rastejar
E da videira o crescimento.
Para meus lábios se inclinou
E a língua insana me arrancou
Que era astuciosa e maldizente,
E da sábia serbe o aguilhão,
Com uma ensangüentada mão
Pôs-me entre glacias dente e dente.
Meu peito com gládio fendeu,
Sacou-me o coração convulso,
E um carvão em brasa meteu
No lugar do órgão avulso.
Qual morto nesse eterno jazer,
Ouvi a voz de adeus dizer:
"Levanta, avante, acorre e atende,
Dá ao que quero execução,
E indo por mar e terra acende
Com fogo cada coração".

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