quinta-feira, 10 de junho de 2010

LIVRO INDICADO: PETERSBURGO (DE aNDREI BIÉLI)

Este foi um dos melhores livros que já li. Totalmente surrealista, nunca vi nada que representasse melhor esta maravilhosa cidade do que esta obra


Quando cheguei pela primeira vez a São Petersburgo, me senti dentro do livro: realmente, a cidade tem um quê de mágico, mistura da realidade e sonho, algo de absurdo e de concreto, que te prende nas malhas de seus muitos encantos. Ela já nasceu surrealista, desafiando a Natureza, reunindo em si mortes e tragédias demoníacas, ao lado de uma beleza de inspiração quase que celestial.
Biéli consegue retratar tudo isto com maestria, num esquema meio que gogoliano.


A obra não deixa de ser um significativo ataque à capital.
Antes de Biéli, outros já haviam atacado a então Petrogrado, especialmente Gógol e Dostoievski, ídolos dos simbolistas, categoria na qual Biéli se enquadra. Dostoievski, o grande mestre, havia já concluído que a cidade estava condenada à destruição.Biéli, um moscovita e eslavófilo, seguiu a tradição de Gógol e Dostoievski, no que diz respeito aos ataques à capital russa de então.


Como uma coisa sempre leva à outra, aconselho ao leitor deste post que leia o fantástico livro "São Petersburgo, Uma História Cultural", de Solomon Volkov", onde - entre outras páginas, nas de número.231 a 234, existe uma análise pra lá de interessante do livro de Andrei Biéli, inclusive relacionando-o a uma visão mística do autor, que seguia as idéias de Rudolf Steiner, da Antroposofia. Vale a pena ler, pela riqueza do conteúdo da análise, que não caberia no reduzido espaço deste post.


Biéli foi criticado por alguns conterrâneos ilustres, tipo Blok, Bunin e Akhmátova, ferrenhos defensores de sua terra natal. Esta última, grande poeta peterburguense, costumava dizer que a
"novela Petersburgo, para nós que nascemos lá,é muito diferente da Petersburgo real"
. Já Bunin, irritado, rejeitou esta obra, dizendo:
"Mas que vil idéia tem este livro: Petersburgo ficará vazia. O que Petersburgo fez a ele?"
Mas não foram só críticas que outros grandes escritores russos dirigiram: esta obra monumental e inquestionável: ela foi considerada por Nabakov como equivalente de À la recherche du temps perdu (à procura do tempo perdido), de Marcel Proust, Ulysses, de Joyce e Metamorfose, de Kafka.



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