Nasceu em junho de 1889 (existe uma dúvida quanto à data exata: 11 ou 23), quando seu país ainda fazia parte do Império Russo. Faleceu a 5 de março de 1966, em Domodedovo, arredores de Moscou.
Akhmatova não foi apenas uma poetisa: foi escritora, especialista em literatura, crítica literária, tradutora. Numa época em que a mulher ainda não havia dado seu grito de independência, Anna já tinha uma carreira repleta de atividades.
Além de sua criação artística, Akhmatova ficou, também, conhecida, por seu destino trágico. Apesar de ela própria nunca ter estado presa ou ter sido exilada, a repressão atingiu duramente três pessoas muito importantes em sua vida: seu ex-marido e pai de seu filho, com quem foi casada de 1910 a 1918, o poeta Nikolai Stepanovitch Sumilyov, foi fuzilado em 1921.
Nikolai Sumilyov, primeiro marido de Anna
Também o escritor e estudioso de arte Nikolai Nikolaevitch Punin, com quem teve uma união de 15 anos e uma filha, Irina, foi atingido: ele foi preso por três vezes e morreu num acampamento de prisioneiros em 1953. Finalmente, o filho de Anna do primeiro casamento, Lev Nikolaevitch Sumilyov, historiador soviético, esteve preso por mais de 10 anos, entre as décadas de 30 e 50.
A experiência de mulher e mãe de "inimigos do povo" foi refletida em uma de suas mais famosas criações: "Requiem".
Anna e Punin
Liev Nikolaevitch Sumilyov, filho de Akhmatova
Reconhecida pelos clássicos da poesia nativa, ainda, nos anos 20, Akhmatova se submeteu ao silêncio, à censura e à perseguição (tendo sido alvo de uma Resolução pessoal do Comitê Central do PCURSS, em 1946, não revogada durante sua vida), muitas de suas produções não foram publicadas não somente durante a vida da autora, como também no período de mais de duas décadas após sua morte.
(traduzido por Milu Duarte da Wikipédia.ru
O CANTO DO ÚLTIMO ENCONTRO
Sentia-me sem forças, gelada,
mas os meus passos eram leves.
Na mão direita tinha a luva
da mão esquerda, ao partir.
Eram realmente tantos degraus?
Eu sabia que eram só três!
O outono abraçava os plátanos
e murmurava:"Morre comigo!"
É o meu destino
que me enganasse e me traísse.
Eu respondi: "Oh, meu amor!
Eu também...Contigo morrerei..."
Este é o canto do último encontro.
Olhei para a casa escura,
Só no meu quarto, amarelo e indiferente,
ardia o fogo das velas.
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Vinte e um. Segunda- feira. É noite!
No escuro uns contornos de cidade.
Algum vagabundo escreveu
que na terra pode haver amor.
E por tédio ou preguiça,
todos acreditaram e assim vivem:
esperam encontros, temem adeus
e cantam canções de amor.
Mas a outros revela-se o enigma,
e o silêncio repousará sobre eles...
Descobri isto por acaso
e desde esse momento sinto-me mal.
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Ouvi uma voz. Falava confiante,
Murmurando: "Vem,
deixa a Rússia para sempre.
Eu limpo o sangue das tuas mãos,
do coração arranco o negro pejo,
com outro nome cubro
a injúria e a dor da derrota."
Tapei os ouvidos com as mãos,
para que essas palavras indignas
não profanassem o meu espírito aflito.
(poesias traduzidas por Manuel de Seabra, livro Poetas Russos)
ANNA EM VIDEO:
2 comentários:
São versos de quem viveu a vida e sentiu todas as sensações - tanto leves quanto pesadas. Não podemos nos furtar do que acontece ao nosso redor e dentro de nós.
Incrível! Adorei e estou procurando mais poesias da autora! Parabéns pelo blog e pela postagem! ^^
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