sexta-feira, 9 de abril de 2010

MEMORIAS DE KHRUCHTCHEV: AS FITAS SECRETAS DA GLASNOST

a venda em sebos e no Mercado Livre

http://ru.laser.ru/gallery/mesta/nikita_hruschev.jpg
KHRUCHTCHEV:
Pouco divulgado entre a gente, até por já ser um livro fora de catálogo, encontrado, apenas, em sebos, "As Fitas Secretas da Glasnost" é um coletânea de fitas ditadas por Nikita Khruchetchev durante seu governo (período de "desestalinização" soviética) e que, depois dele aposentado, apareceram pela primeira vez no ocidente. Inicialmente, por instruções do próprio Khruchtchev, havia uma espécie de lacunas em pontos cruciais da narrativa, ou seja, uma censura. Duas décadas depois, o material foi totalmente liberado, trazendo novidades interessantes do período de Stalin. Procurei o livro em formato e-book, não o encontrando. Daí, resolvi - a partir de hoje, ir divulgando seus trechos, a exemplo do que venho fazendo com o livro da filha do ditador soviético. Contém informações fascinantes, com material de grande interesse histórico. Espero que sirva para os que gostam desta disciplina.

Cap. 2 - O Grande Terror e o XX Congresso do Partido Comunista

(trecho da narração da morte da mulher de Stalin)

"Eu vi a mulher de Stalin, Nadezhda Sergeivna Alliluieva pouco antes de sua morte. Creio que foi nas festas de aniversário da Revolução de Outubro.
Havia uma parada e eu estava de pé junto ao mausoléu de Lenin com um grupo de ativistas do partido da cidade de Moscou. Alliluieva também estava lá. Estávamos juntos, um ao lado do outro, e conversavamos. Era um dia frio e ventava.
Como de hábito, Stalin envergava seu capote militar. Deixava aberto o primeiro botão, junto da gola. Lembro-me de que ela disse:
- Meu marido não trouxe o seu cachecol. Vai apanhar um resfriado.
Pude ver, pela maneira como disse aquilo, que ela não estava de bom humor. No fim da parada, fui para casa.
No dia seguinte, Kaganovitch convocou os secretários do partido para uma reunião e anunciou que Nadezhda Sergeievna havia morrido de repente. Como podia ser? - perguntei a mim mesmo. Acabei de falar com ela. Era uma bela mulher. Mas, afinal, as pessoas morrem.
Então, três dias depois, Kaganovitch reuniu o mesmo grupo e disse:
- Falo em nome de Stalin. Ele me pediu que os chamasse e lhes contasse o que aconteceu. Ela não morreu naturalmente. Suicidou-se.
Naturalmente, diante do grupo, ele não entrou em pormenores, e nenhum de nós perguntou nada. Nós a enterramos. Stalin parecia compungido junto da sepultura. Eu não sabia o que se passava no seu íntimo, mas - aparentemente, ele sofria.
Só muito mais tarde, depois da morte de Stalin, tomei conhecimento da causa da morte de Nadezhda Sergeievna. Naturalmente, o fato não está documentado. Apenas perguntamos a Vlasik, chefe dos guarda-costas de Stalin, o que motivara a morte dela. Vlasik disse que, depois do desfile, foram todos jantar no grande apartamento de Voroshilov. Sempre iam comer com Voroshilov depois das paradas.
Era um grupo reduzido: o marechal da parada, membros do Politburo e uns poucos mais. Foram para lá diretamente da Praça Vermelha. Naquele tempo, os desfiles e demonstrações levavam muito tempo. Todo mundo bebeu em excesso durante o jantar, como era costume nessas ocasiões. Stalin tinha ido sozinho. Finalmente, todos saíram. Stalin também. Mas não foi para casa. Era tarde. Quem poderia dizer que horas seriam? Nadezhda Sergeievna ficou preocupada. Onde estaria Stalin? Começou a procurar por ele, telefonando para a dacha em Zubalovo (nos arredores de Moscou) - não onde fica hoje a dacha de Kaganovitch, não onde Mikoyan morou até recentemente, mas meio quilômetro adiante, do outro lado da ravina.
Ela telefonou, então, e perguntou ao oficial de serviço:
- Stalin está aí?
-Está, respondeu ele. O camarada Stalin está aqui.
-Quem está com ele?
O oficial disse o nome da mulher.
Pela manhã, não sei exatamente quando, Stalin foi para casa, Nadezhda Sergeievna já não vivia.
Ela não deixou uma carta. Ou se deixou, nunca nos foi mostrada.
A outra mulher era esposa de Gusev, que também estivera presente no jantar. Quando Stalin saiu, levou a mulher de Gusev. Gusev era um militar, mas eu não o conheci, nem me lembro de ter jamais encontrado sua mulher. Mikoyan me contou que era muito bonita.
Então Stalin estava dormindo com ela na dacha e Alliluieva ficou sabendo de tudo pelo oficial de serviço. Vlasik disse:
- O oficial era um tolo, sem experiência. Ela fez a pergunta e ele respondeu, contando tudo.
Bem, houve rumores mais tarde de que Stalin a teria matado. Eu ouvi tais rumores e Stalin mesmo tinha conhecimento deles pelos seus agentes. Em suma, esse lado da história não está todo esclarecido, mas o outro lado é mais certo. Vlasik podia estar mal informado, mas era, afinal de contas, um guarda-costas.
Como viviam os dois, Stalin e Nadezhda Alliluieva? Posso apenas julgar na base de coisas que ouvi.
Às vezes, quando um tanto bêbado, Stalin nos contava um incidente ou outro.
- Eu me tranco no quarto e ela fica esmurrando a porta e gritando: -"você é um homem impossível! É impossível viver com você!". Mas eu mantenho a porta fechada e ela continua a esbravejar: -"Grosso, insensível, desumano!"
Stalin também nos contou que uma vez, quando a pequena Svetlana ficou zangada com ele, repetiu uma coisa que tinha ouvido a mãe dizer: - "Ainda apresento queixa de você!"
- E a quem vai queixar-se? perguntou Stalin.
- À cozinheira Svetlanka.
Também me lembro de ter visto Stalin, certa vez, depois da morte de Nadezhda, com uma bela jovem de pele morena. Era do Cáucaso.Quando entrei, a mulher se escondeu feito um ratinho. Disseram-me, depois, que era a preceptora de seus filhos. Mas não ficou lá muito tempo: desapareceu sem deixar traço."































(entre Tito e Gagárin)














Com Stalin

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