"A todos os ataques e golpes vamos responder com triplos golpes de toda bravura
do nosso corajoso Exército Vermelho"(Kliment Voroshilov (1)
Antes que me "excomunguem" pelo uso "indevido" da palavra holocausto, vamos a uma pequena prévia para tratar de seu significado e etimologia. Esta palavra tem suas origens em rituais e sacrifícios religiosos da Antiguidade, praticados pelos hebreus, quando se oferecia toda espécie de vida às divindades, da vida vegetal à animal, incluindo aí os seres humanos, que eram queimados vivos. Assim, holocausto significa, literalmente, cremação dos corpos e já estava grafado no Livro do Êxodo onde, de acordo com a Wikipédia, está escrito:
"Então, Jetro, sogro de Moisés, trouxe holocausto e sacrifícios para Deus; (…).
E, ainda:
"E porás o altar do holocausto diante da porta do tabernáculo da tenda da revelação".
Mais tarde, esta palavra tomou a conotação de grandes catástrofes e massacres, passando a ser grafada, ainda de acordo com a Wikipédia, com letra maiúscula para se referir especificamente ao extermínio de milhões de pessoas pelos nazistas durante a segunda grande guerra. Entre estas pessoas havia comunistas, homossexuais, deficientes físicos e mentais, prisioneiros de guerra, eslavos, sindicalistas e judeus, entre outros, mas o termo se popularizou, erroneamente, como sendo relativo apenas ao extermínio de judeus.
Do total de vítimas feitas pelos alemães comandados por Hitler, 6 milhões eram judeus, mas o maior número delas foi de cidadãos soviéticos: cerca de 20 milhões, na grande maioria civis, pereceram na guerra que os russos chamam de "grande guerra patriótica", quando a URSS foi atacada pelos fascistas, depois deles já terem atacado e derrubado quase toda a Europa.Tudo o que era soviético foi submetido à uma dura prova: o sistema, a moral, a economia, a unidade nacional. O ataque nazista foi o teste de tudo o que havia sido criado a partir de 1917. A surpresa do ataque e a supremacia em números e armamentos davam aos inimigos muitas vantagens. Acrescenta-se a experiência dos nazistas nos campos de batalha europeus. No primeiro dia da guerra, as forças armadas soviéticas perderam 1.200 aviões, principalmente em virtude dos bombardeios de aeródromos. Depósitos e arsenais foram para os ares, literalmente, aumentando a vantagem do agressor.
Nas direções dos ataques principais, cujos objetivos eram Moscou, Leningrado e Kiev, a superioridade ia de três a 5 vezes. A situação piorou com o rompimento das comunicações, o que ocasionou a falta de informações sobre os acontecimentos. O apelo do comando nazista aos soldados da frente oriental dizia
"Elimina em ti a piedade e compaixão; mata todo russo, todo soviético, não pare mesmo quando diante de ti estiver um velho, uma mulher ou uma criança: mata!"
Durante o primeiro período da guerra os agressores conseguiram alcançar grandes êxitos, penetrando fundo no território soviético; entretanto, as coisas não pareciam nada com o 'passeio fácil' prometido por Hitler aos seus soldados. Logo nas primeiras três semanas os alemães perderam duas vezes mais do que em dois anos da guerra de conquista na Europa. O Exército Soviético, constrangido a recuar, oferecia uma tenaz resistência. O inimigo - que ocupara em poucos dias ou semanas países inteiros -, encontra, agora, quem defenda com garra e coragem Kiev, Odessa, Sebastopol, Brest, Leningrado...Defensores de grandes cidades e de pequenos povoados, de simples passagens e de colinas. Kiev e Odessa resistiram 73 dias; Sebastópol - 250. Leningrado sofreu um cerco de 900 dias, mas ficou de pé. Não caiu. O povo soviético atendeu ao apelo do governo e foi a luta. Nas frentes apareceram tanques, carros blindados, aviões com "estranhas" inscrições nas fuselagens, tipo "Kolkhoziano(2) de Tambov(3)", "Kolkhoziano de Moscou", "Trabalhadores do Cazaquistão" "Teatro Mali" e assim por diante.
Tanque dos kolkhozianos de Moscou
As inscrições diziam que o carro blindado ou o avião fora construído ou comprado com o dinheiro dos trabalhadores, que deram um auxílio enorme nesta guerra. Um exemplo de patriotismo. Só os komsomois (4) e a juventude das regiões de Novossibirsk, Sverdlovsk e de Tcheliábinsk construíram duas esquadrilhas de aviões, 105 carros armados ligeiros e médios e 20 blindados pesados, com o produto dos fundos que arrecadaram. O povo soviético se empenhou, como pode, no esforço conjunto de salvar seu país das garras nazistas. Todas as empresas de qualquer setor se orientavam na produção militar. As confeitarias, por exemplo,começaram a produzir concentrados e...obuses e até reparavam canhões antiaéreos. As oficinas de funileiros começaram a fabricar granadas de mão. Fábricas de refrescos organizaram a produção de garrafas com mistura inflamável. Fábricas de ganchos e alfinetes produziam granadas antitanques; oficinas criavam lança-minas; fábricas de locomotivas produziam comboios blindados. Desta forma, em meados de 1942 a capacidade militar perdida ou reduzida nos primeiros meses da guerra foi consideravelmente recuperada, o que não impediu que os nazistas ocupassem os territórios mais economicamente estratégicos da URSS desde 1941, tipo terras ricas em hulha e ferro gusa, aço e alumínio. Isto fez com que a Alemanha acreditasse que só teria que liquidar os efetivos soviéticos. Erraram o cálculo, pois não podiam sequer imaginar que a URSS tendo 3 ou 4 vezes menos matérias primas do que os alemães e seus satélites, produziria 50% mais munições, o dobro de aviões e tanques e quatro vezes mais canhões. Mas o povo do país dos sovietes pagou muito, muito caro pela vitória.O caminho até Berlim foi longo e penoso. O custo em vidas humanas foi de 9-10 vidas por minuto; 587-588 vidas por hora; 14.000 vidas por dia, chegando ao número do Holocausto: 20 milhões de mortos soviéticos no total. Não se pode nunca esquecer estes mortos, estes heróis: dois entre cada cinco mortos na segunda grande guerra são soviéticos! E o número de mortos, tanto da URSS quanto de outras nacionalidades, teria sido muito maior se a extinta União não tivesse enfrentado a Alemanha da forma como fez.O povo soviético e a economia socialista conseguiram evitar que a catástrofe fosse ainda maior.
Não é a toa que, desde então, se comemora a data de 9 de maio com o feriado do dia da vitória ("dien' pobedy", em russo) em todas as antigas repúblicas soviéticas, sendo esta uma das maiores comemorações locais, tendo até uma música com este título, que pode ser ouvida no vídeo abaixo, na voz de Muslim Magomaev.
Fotos da URSS na época:
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Notas da Milu
(1) membro da Comissão de Defesa do Estado durante a segunda guerra
(2) Trabalhadores de um Kolkhoz, ou seja, de uma fazenda coletiva.
(3) Cidade de cerca de 250 mil habitantes, localizada a 480 km de Moscou.
(4) Membros da Juventude Comunista
(4) Membros da Juventude Comunista
fontes:
http://otvaga2004.narod.ru/
http://otvaga2004.narod.ru/
Livro "Quinquênios econômicos soviéticos", de Leonid Danilov - Agência Novosti, Moscou
http://otvaga2004.narod.ru/
Um comentário:
Milu ,passei para deixar um abraço!Cadê as pinturas russas,sou apaixonada pela arte russa,se tiver posta ,vou amar!Um grande abraço!
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