Por uma das versões existentes, na base do surgimento da própria palavra máslenitsa reside a tradição dos russos de assar seus famosos blinys, que está relacionada ao fato de que o povo tentava atrair as as graças do sol e, por intermédio dos blinys, que o representavam, convence-lo a aquecer mais a gélida terra russa.Além disto, nas aldeias russas, foram concebidas diversas atividades que guardavam relação com o círculo (formato do sol), como - por exemplo, contornar repetidas vezes as praças da aldeia a cavalo ou enfeitar as rodas das "telegas"(espécie de carroça), e depois leva-las, puxadas por uma vara ou uma percha, pelas ruas da cidade.Também realizavam as tradicionais danças de roda.
Os russos acreditavam que tais atividades "seduziriam" (em russo, seduzir = umaslivat')e "lisonjeariam" o Sol, tornando-o melhor. Daí surgiu o nome da festa: máslenitsa (de umaslivat').
Uma outra versão diz que este nome surgiu devido à tradição da Igreja Ortodoxa de proibir a ingestão de carne durante a semana que antecede á Grande Quaresma, liberando-se o uso dos produtos derivados do leite. Assim, seguindo este costume, passaram a cozer os blinys untuosos , untando-os na manteiga ou no óleo). Pela mesma razão, esta semana quando ocorre a Máslenitsa é chamada, também, de semana do queijo.
Existe, ainda, uma outra versão que, na verdade, é uma lenda. E é esta a versão que mais me atrai (não a que eu acredito, deixemos isto bem claro), mas sou fã de mitos e lendas...
Por esta lenda, a Máslenitsa nasceu no extremo norte, seu pai - o Frio. Ainda pela lenda, na mais rigorosa e melancólica estação do ano, o inverno, alguém notou uma menina, Máslenitsa ,escondida atrás de um grande monte de neve e a chamou para que ajudasse as pessoas com seu calor, e entusiasmo, aquecendo-as e alegrando-as.E ao apelo de tal pessoa veio Máslenitsa, mas não como a menina frágil e desamparada que havia se escondido atrás do monte de neve, mas como uma saudável, vigorosa e bonita mulher, com as bochechas gordas e coradas e com os olhos espertos, dando risadas.Ela fez com que as pessoas, por uma semana inteira, se esquecessem do inverno, pois com seu entusiasmo e energia lhes esquentou o sangue nas veias, pegando-os pelas mãos e dançando, até caírem desmaiadas. Durante estes dias, não havia pecado, só havia uma "regra":
- comer até soluçar;
- beber até raspar a garganta;
- Cantar até se fartar;
- Dançar até cair.
E, desde estes antigos tempos, a Máslenitsa se tornou a festa russa mais alegre do ano. E é por causa da menina, a filha do frio, que a festa é representada por uma boneca empalhada, a senhorita Máslenitsa, a própria menina, que depois virou a bela mulher.
Vale, aqui, um parêntese, para salientar que, antes do ano XVI, o ano novo na Rússia era em março, ou seja, coincidia com a Máslenitsa, que era, então, uma celebração para esta data. Os povos Eslavos antigos acreditavam que, se o novo ano não fosse festejado com muita alegria, eles iriam viver em amargura, a vida não lhes sorriria.
O principal símbolo desta festa - os blinys - quentes e corados como o sol, lhes atraria energia e calor. Já o ritual da queima da boneca tem um significado mais profundo: a destruição do inverno e a necessidade de "ressuscitar" as forças da terra, para um primavera cheia de verde e de cereais.
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