sexta-feira, 1 de outubro de 2010

LIVRO DO DIA:SUSSURROS (DE ORLANDO FIGES)


Estou acabando de receber, via sedex, este livro. Fresquinho, fresquinho, acabou de ser lançado pela Ed.Record. São quase 800 páginas de relatos sobre a vida privada na Rússia de Stalin. Ainda não posso emitir minha opinião, já que é óbvio, não li o livro. Só dei uma "passada de olhos" por alguns de seus capítulos, índices, fotos, etc. Pelo que pude verificar, o autor, britânico, se baseou numa vasta fonte de pesquisas (perto de 15 páginas só de bibliografia). Vou transcrever, aqui, a título de sinopse, a orelha do livro, já que não tenho condição, enquanto não empreender a árdua tarefa de o ler, de emitir qualquer opinião que seja a respeito da obra em si, me guardando, apenas, o direito de opinar sobre o que li na orelha do livro.
"Sussurros revela as histórias ocultas de famílias soviéticas comuns que viveram sob a tirania de Stalin. Muitos livros descrevem os aspectos externos do período, as prisões e os julgamentos, as escravização e os assassinatos no Gulag - mas este é o primeiro a explorar com profundidade sua influência na vida de quem sofreu as opressões stalinistas. Como o povo soviético conduzia sua vida privada durante o governo de Stalin?O que as pessoas realmente pensavam e sentiam? Que tipo de cotidiano era possível nos apartamentos comunais, abarrotados, onde quartos eram divididos por uma família inteira - às vezes até por mais de uma - e as conversas podiam ser ouvidas no cômodo ao lado?Que significava a vida privada quando o Estado controlava quase todos os aspectos dela por meio da legislação, da vigilância e da ideologia?
A esfera moral familiar é o principal território de Orlando Figes. O autor explora como esses núcleos reagiam às várias pressões do regime soviético. E não foram poucos os afetados pelo terror: estimativas mostram que cerca de 25 milhões de pessoas foram reprimidas pelo regime soviético entre 1928, quando Stalin assumiu a liderança do partido, e 1953, ano da morte do ditador e do fim do seu reino de terror".
Algumas observações se fazem necessárias: não vou discordar, em momento algum, de que o período de Stalin foi de terror, coisa que abomino, tanto por minhas posições políticas, quanto pela minha condição de espírita. O que questiono é que falar contra os apartamentos da época do comunismo, criticando-os, é sempre com base em comparações com residências do mundo ocidental, principalmente, com as da classe média e alta. Nunca vi ninguém comparar estas residências aos barracos de milhões de brasileiros, africanos, latinos de maneira em geral. E, principalmente, à situação daqueles que não possuem nem um barraco, mas vivem em baixo de viadutos, no meio da rua, ao relento, sofrendo a ação do frio e do tempo em geral. Ao menos, estes apartamentos comunais tiraram os russos desta condição que muitos ocidentais do terceiro mundo vivem...

Eu conheci apartamentos do período soviético, após a queda do regime. Em 2002 e 2006, quando estive na Rússia, passei alguns dias em casa de uma família amiga, que possui um apartamento destes, sem nunca ter sofrido qualquer reforma, além da pintura de portas e janelas e da troca dos papéis de parede, tipo de revestimento muito usado na Rússia. E posso afirmar que este apartamento, por dentro, é muito bom: dois quartos, sala ampla, cozinha de bom tamanho, banheiro com banheira e um corredor grande, onde minha amiga colocou sua "biblioteca". O que pode "ferir" o gosto de quem está acostumado ao capitalismo, é o aspecto exterior do prédio, super simples. Devo acrescentar que esta família não era de nenhum membro do partido, nem de ninguém importante: são cidadãos soviéticos comuns. Todos com excelente cultura e educação. Posto algumas fotos do apartamento e do prédio ao final deste post.

Defendo, também, a educação da URSS. Meus amigos russos são unânimes no saudosismo da educação daqueles tempos. Agora tudo piorou, pois estão adotando um modelo ocidentalizado. Tenho um amigo da Bielorrússia que mora em São Paulo: o Alyocha. Ele disse que até o mito de que não entravam livros além dos autorizados pelo partido, não era bem assim: como aqui no Brasil, os soviéticos sempre davam um jeitinho de conseguir os livros que circulavam em outros países. O Alyocha conta uma história interessante: ele sempre gostou muito de ler (hábito muito cultivado na URSS); daí, ele conseguia os livros proibidos e colocava dentro de algum livro de Lenin e lia na sala de aula...
Feita esta ressalva, deixo aqui a indicação do livro, que está custando R$ 87,00.

































































































































































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