segunda-feira, 4 de outubro de 2010

LIVRO DO DIA:DE MANDELSTAM PARA STÁLIN (ROBERT LITTELL)

Acabo de ganhar este livro de presente. Estou com tantos livros, novos que a fila de espera está crescendo: tenho que fazer uma pausa, antes que eu fique doida, sem saber qual leio primeiro. Mas é que não resisto a tantos lançamentos interessantes, que "me chamam", quando os vejo e ainda encontro compulsivos por livros como eu, que me presenteiam.

O de hoje não foi escrito diretamente por nenhum autor russo, mas é todo dedicado à cultura russa e soviética, portanto, tem tudo a ver comigo. Trata da vida de Mandelstam, o grande poeta russo, oponente do regime de Stalin (ando falando muito do Stalin neste blog, preciso mudar um pouco o tema...). Esta oposição atinge seu auge no ano de 34, quando ele escreve um epigrama, comparando o ditador a um assassino, recitando este poema, secretamente, para um grupo de amigos artistas: uma verdadeira sentença de morte para todos os que estavam reunidos a ele neste dia
Mandelstam foi preso seis meses depois, mas só morreu em 39.

O presente livrofoi escrito em forma de ficção misturada à realidade, se alternando vozes de personagens também fictícios e reais, a exemplo do próprio Mandelstam, sua mulher, e pessoas de seu ciclo de relacionamento, como Pasternas e Akhmatova.O mundo do poeta é recriado nesta obra, bem como a vida intelectual e proletária da Rússia stalinista. Quem comentou sobre o livro comigo, foi uma amiga, a mesmo que me presenteou com esta obra, o que me possibilita fazer o post.

O livro promete. Dei várias passadas de olhos e resolvi, sem sombra de dúvidas, dormir mais tarde hoje, a fim de acabar o que estou lendo e começar este a partir de amanhã.

O epigrama citado está transcrito a seguir:
"Nós vivemos, mas não sentimos a terra com os pés

Dez passos andando e não podemos ouvir,

E quando há dois suficientes para metade de um diálogo
Eles se lembram do alpinista do Kremlin.

Seus dedos gordos são escorregadios como lesmas,
E suas palavras são absolutos, como medidas de merceiros.

Suas antenas de barata estão rindo,
E sua bota nova brilha.

E ao redor dele a turba de chefes de pescoço curto -
Ele brinca com os serviços de meio-homem.

Quem gorjeia, mia ou geme,
Ele sozinho empurra e pica.

Ele esmaga-os como ferraduras, com decreto após decreto
Na virilha, na testa, no rosto, ou no olho.

Quando há uma execução, há tratamento especial,
E o peito ossétio se infla."

Conforme consta da orelha do livro,

"o autor escreveu um dos melhores romances sobre Mandelstam, tendo a Revolução Russa como horizonte permanente, através de uma agenda polifônica, em que se alternam diversos pontos de vista, que completam, por acréscimo ou contradição, o lugar de Mandelstam, sua, por assim dizer, paralaxe, no céu da história. Littel revirou arquivos, enfrentou a poeira das fontes primárias, entrevistando, inclusive, personagens chave, como a viúva do poeta, Nadejda Mandelstam".

Editado pela Ed.Record, disponível em todas as livrarias, com preço girando por volta de R$ 40,00

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