Hoje o livro indicado não tem nada a ver com literatura russa, mas sim com a história do país. Alguns vão me criticar, por ser a revolução russa um assunto já muito batido: mas faz parte, incontestavelmente, da história desse país. Além disto, esta revolução deixou suas influências na Rússia odierna e, para entender os russos, sua maneira de pensar, de ver a vida, é indispensável compreender todo este processo que se deu em 1917. A URSS acabou, mas - na prática, todo cidadão nascido entre sua criação e sua queda, independente dele ser russo, bielorrusso, ucraniano, etec, "é nascido na União Soviética", é soviético (existe, mesmo, uma música a este respeito, de Oleg Gazmanov, um cantor popular russo - "Sdelan V SSSR"-Feito na URSS - que retrata muito bem esta influência que não pode simplesmente ser apagada da história deste povo).
Este livro mostra todo este processo revolucionário e de queda do imenso país, sob a visão de um brilhante professor brasileiro, de quem sempre fui fã número zero: Maurício Tragtenberg. Nos meus tempos de faculdade, não perdia a chance de assistir a seus cursos e palestras, sempre que passava por minha cidade. Além de professor, Tragtenberg foi um sociólogo dos bons (faleceu em 1998) Lecionou na USP, na PUC de S.Paulo e na UNICAMP. Era gaúcho.Falava vários idiomas, entre eles o russo.A história de vida deste professor é muito interessante e aconselho que seja lida (existem muitas biografias dele na rede, inclusive na wikipédia).
Quanto ao livro indicado neste post,
trecho extraído da contra-capa do livro, escrita por Evaldo Vieira"foi fruto de intensa pesquisa, farta erudição, seleta bibliografia e habilidade crítica, sendo ela própria (a revolução) e suas conseqüências uma temática de seu permanente interesse. O leitor poderá seguir o exame da Rússia imperial e também da sociedade russa pré-revolucionária. Entretanto, a parte central da obra acha-se no que Tragtenberg chamou de processo da Revolução Russa (Makhno na Ucrânia, Lênin em Mosou, Kronstadt: a revolução na Revolução, a questão sindical, os sovietes, a ditadura do proletariado, a assembléia Constituinte, a Revolução e o problema nacional e colonial, o partido); Maurício Tragtenberg vai ao âmago do fracasso revolucionário causado pela desconfiança na capacidade de trabalho da classe operária, pela eliminação da democracia nos sovietes e no partido, pela finalidade de tomar o poder e não o destruir, pelo partido bolchevique que ocupa o lugar dos trabalhadores. Em vez deles, aparecem o capitalismo de Estado, o centralismo democrático, um povo oprimido, outros povos, o socialismo de dirigentes e dirigidos, a militarização do trabalho, a comissiocracia, a calúnia como arma política, os intrigantes bem relacionados, o carreirismo, o servilismo, os líderes tramsformados em personagens. O socialismo da solidariedade, do entendimento mútuo e da igualdade redical não prevaleceu na Revolução Russa. Como diz Tragtenberg no livro: 'Uma revolução pode transformar velhos porta-vozes em novos'. É difícil descobrir uma análise da Revolução russa tão objetiva, penetrante e real.
Editora: UNESP
Um comentário:
Adorei o seu blog, pois adoro e sou muito curioso sobre a cultura russa e seu passado de glórias e tragédias. Estou lendo o livro Os Dez dias que abalaram o mundo -John Reed q tb é sobre a revolução. Por incrível q pareça gosto das músicas tradicionais de lá q eram interpretadas pelo exército vermelho e a maioria é militar. O hino russo pra mim é o mais bonito e há músicos famosos q comecei a conhecer há pouco tempo e fiquei surpreso. Os pianistas Richter e Gilels foram perfeitos, tb tem o Prokofiev e outros q admiro muito.
Um dia vou aprender a falar russo.
Abraço
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