sábado, 5 de junho de 2010

UM POEMA DE OSSIP MANDELSTAM: LENINGRADO


Voltei, cidade até à lágrima sabida,
Ao nervo,à infantil glândula inflamada.

Voltaste - sorve o óleo de peixe dum trago,
Ah, lampiões do rio de Leningrado.

Dum só trago reconhece o Dezembro mês
Com seus dias mistura de gema de pez.

Ó Petersburgo, não quero morrer ainda,
Em ti cabem os números de minha agenda.

Vê, Petersburgo, endereços tenho muitos,
pra neles encontrar as vozes dos defuntos.

vivo na traseira, arranco em carne da fonte
o lancinar da campainha a cada golpe.

Espero as visitas noite dentro, noite morta,
tinindo as algemas da corrente da porta.

(1930)

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