domingo, 20 de junho de 2010

DOSTOIEVSKI E OS DEMÔNIOS

Sobre este romance de Dostoievski pouco tenho a dizer, já que a internet está repleta de resenhas e críticas a seu respeito, deixando pouco para ser acrescentado de minha parte, a não ser a recomendação, aos interessados, da edição da Editora 34, cuja tradução é excelente, pra ninguém botar defeito. Pelo fato de ser uma amante do idioma russo, tive o privilégio de ler esta obra em russo e em sua versão da referida editora, feita por Paulo Bezerra. Fantástico! Tradução primorosa, valorizando a obra de Dostoievski!Aliás, a Editora 34 está de parabéns, por nos proporcionar um prazer maior em ler a rica literatura russa, com traduções excelentes.A começar pelo título, antes traduzido por "Os Possessos",(tradução do francês "Les Possédés". Em russo é bem diferente: demônios = бесы(plural de бес) (pronuncia-se, respectivamente, "biêssi" e "biês), ao passo que possessos = одержимые)(oderjímie no plural x одержимый, no singular(oderjímiy)).
Deixando a tradução de lado, resta fazer uma ressalva histórica: a participação do autor do Círculo Petrashevski,um grupo de intelectuais liberais que se reuniam na casa de Mikhaíl Petrashevski, em São Petersburgo, nos anos de 1844 a 1849 (foto a seguir). O post foi baseado no livro de Jayme Mason - Mestres da Literatura Russa - Aspectos de suas vidas e obras:

Casa de Petrashevski
Endereço: Rua Sadovaya, 11 - São Petersburgo
Casa não conservada
ver localização exata no google maps


Mikhaïl Petrachevski era discípulo de Charles Fourier, um socialista utópico, francês e reunia, toda sexta feira, em seu apartamento na antiga capital russa, intelectuais para tratarem de temas literários, filosóficos e políticos.Apesar de os participantes destas reuniões serem de origens sociais diversas, de terem opiniões diversas tam´bem,eram unidos por ideais comuns e progressistas: a oposição à autocracia, censura, à servidão, mas tudo muito vagamente.Era um grupo tão utópico, quanto seu inspirador, Fourier.Não se tratava, de forma nenhuma, de uma conspiração, Dostoievski tão pouco comparecia a tais reuniões por ser um socialista ou anarquistas, mas simplesmente por curiosidade cultural.

Como todo autocrata, Nikolau I achou por bem acabar com as reuniões, temendo serem subversivas demais, prendendo todo o grupo na Fortaleza Pedro-Paulo, marcada pelos horrores da autocracia...(Pedro o Grande ordenou a execussão de seu filho, o tzarievitch Alexei, que ficou aí trancafiado antes de morrer).
Tais horrores não foram privilégio de Stalin, como muitos pensam....
Fortaleza de Pedro-Paulo
Aí ficaram por mais de um ano, sem ver a luz do sol em condições bem precárias.A turma toda foi condenada à morte.Após simular uma execução, a pena foi comutada por trabalhos forçados na Sibéria.

Quanto ao romance, ele se inspirou na história real do assassinato de um estudante: o russo Serguiei Netchaiev, adepto do anarquista Bakunin.Para ele e mais um grupo de pares sem princípios, os fins justificam os meios, por isso, para manter o grupo coeso, implanta o terror, resultando no assassinato do estudante Ivanov, que queria abandonar o grupo. Ivanov inspirou Chatov. Verkhovienski foi inspirado em Netchaiev e como tal era odiado por seus pares.Stavoguin, segundo Thomas Mann, "é a figura mais enigmática da literatura universal e a personagem mais dura de Dostoivski".

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pelo excelente blog. O canal História transmitiu um documentário sobre a vida de dostoievski.
http://www.youtube.com/watch?v=_lLJBvYttho

Por acaso não consegue arranjar com legendas em português? Obrigado.

Bruno Cardoso

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