sexta-feira, 2 de abril de 2010

DE MIKHÁIL CHÓLOKHOV: O DESTINO DE UM HOMEM, DAS PÁGINAS DO LIVRO ÀS TELAS DO CINEMA




O romance "O Destino de um Homem" foi escrito pelo russo Mikhail Cholokhov, autor que reporto como um dos maiores da literatura russa e universal, indo contra tudo o que falam sobre a literatura soviética, como algo totalmente voltado a fazer propaganda do regime. Cholokhov tem um estilo requintado, comparado ao de seus melhores compatriotas do séc. XIX, sobretudo Tolstoi.

 Novela breve, mas de uma beleza emocionante, narra as recordações dolorosas da Segunda Guerra Mundial, que dizimou uma enormidade de russos, o que - infelizmente, nunca, ou quase nunca, é lembrado (normalmente, quando se fala deste nefasto período, é apenas para lembrar o número exorbitante de judeus mortos, nunca se lembrando que a URSS perdeu um número muito mais elevado de cidadãos).O livro foi escrito depois de 1940 e as lembranças dos horrores e tragédias que os nazistas provocaram na Rússia saem da memória de um cossaco que participou da guerra - Solokov, personagem que passou a integrar a galeria dos tipos inesquecíveis da literatura universal, assim como Rasskolnikov, de Dostoievski, o Príncipe Volkonski, de Tolstoi, entre outros. Com este livro Chólokhov confirma o valor de um povo e de uma cultura, apesar de ser um romance curto, nada fica a dever à sua obra maior - O Don Silencioso.

 Aconselho sua leitura, leitura esta que evidencia o valor de um grande povo e de uma grande cultura.
A edição portuguesa do livro, uma vez que nosso país, ao que parece, prefere editar coisas piores mas mais lucrativas, tem tradução direta do russo, com prefácio de Otto Maria Carpeaux, um espetáculo!
 Gostando do livro, você pode, também, assistir ao filme, do grande diretor Serguei Bondarchuk, que também atua no papel principal. Apesar de ter sido rodado em 1959, em branco e preto, isto não tira a sua excelência.Tanto quanto o livro, o filme é de uma sensibilidade incrível e de uma qualidade altíssima.




Você pode adquiri-lo nas Americanas.com, Submarino ou no mercado livre.Na internet só encontrei para baixar o filme em russo. Como nada entendo destas coisas, não sei se é possível encontrar a legenda. De qualquer forma, aí vai o link para os interessados:
http://www.uakino.com/main/biography/6090-sudba-cheloveka-1959-dvdrip.html

Agora, um pouco sobre o autor.


Mikhail Aleksándroivtch Chólokhov nasceu em maio de 1905. E um escritor russo -soviético,  laureado com o Nobel da Literatura em 1965 — «pela força artística e perfeição da epopéia cossaca no na região do Don em um período crítico atravessado pela Rússia».
Ele nasceu na "stanitsa"(1) de Vechenskaya, ao norte de Rostov , na região habitada pelos cossacos do Don.
cossacos do Don

Filho de família humilde de camponeses (o pai semeava em terras arrendadas a cossacos, trabalhou de balconista e operador de moinho e sua mãe era filha de servos). Durante a primeira guerra mundial, no período coincidente com a guerra civil (período tão bem retratado em O Don Silencioso), Cholokhov estudava em Moscou, cursando as 4 séries do ginásio. De 1920 a 1922, viveu com a família na stanitsa de Karguinskaya, também no Don.
casa de Chólokhov, em Karguinskaya.
Trabalhou como secretário, professor, participou de recenseamento. Em 1922 retornou a Moscou, com o objetivo de continuar sua educação e experimentar sua força no trabalho de escritor. No entanto, ingressar na "rabfak" (abreviatura de 'rabotchi facultet" ou 'faculdade proletária") não foi possível pela falta do indispensável para o ingresso no "trudovi stage" (estágio de trabalho) e o encaminhamento ao Komsomol. Para subsistir, trabalhou como carregador, serviços gerais,pedreiro. Autodidata, integrou o grupo literário "Jovem Guarda". Em 1923, o jornal "A verdade Juvenil" publicou seus primeiros artigos, mas em 1924 saiu neste mesmo jornal  seu primeiro conto "O Sinal", retornando em dezembro do mesmo ano  a Karguinskaya e mais tarde para a stanitsa de Bukanoskaya, onde em 11/11/1924 se casa com M.P. Gromoslavskaya, filha do antigo 'ataman'(2) de sua stanitsa. Retornando a Karguinskaya, nasce sua filha  mais velha - Svetlana  (1926), mais tarde os filhos Aleksandr (1930, em  Rostov-na-Don), Mikháil (1935, em Moscou) e a caçulinha Mária (1938, em Vechenskaya).
Chólokhov começou a ser notícia a partir da edição de seu romance O Don Silencioso, editado em 1928, a grande epopéia cossaca durante a primeira guerra e a guerra civil russa.
A princípio, na Rússia , este romance foi decantado e louvado e tido como a primeira grande obra  da literatura soviética. Mas, logo após o autor ter sido agraciado com o Prêmio Nobel, mais ou menos por volta dos anos 60, surgem reações adversas e tem-se início uma série de duras críticas, inclusive por Soljenitsin, que expressou fortes dúvidas quanto à identidade do autor do romance, justificando ser o autor demasiadamente jovem para ter presenciado os acontecimentos relatados. Alegava, também, que Chólokhov não possuia grau de instrução suficiente para produzir obra de tamanho quilate. Ele afirmava, ainda, que o verdadeiro autor era um tal de Fyodor Kriukov, escritor cosaco e anti-bolchevique, falecido em 1920. Apesar de ter durado muitos anos, a controvérsia foi, obviamente, resolvida, quando Lev Koldni encontrou os manuscritos da obra em referência, bem como outros documentos de trabalho de Chólokhov, formalmente autenticados ..
Outros livros do autor:

- Contos do Don (1925)
- A estepe de Lazorevi (1926)
- Terras desbravadas (2 volumes) (1932-1960)
- Morreram pela pátria (1942)
- A ciência do ódio (1942)
- Glória à pátra (1951)

O autor morreu em sua propriedade em Viochenskaya, em 1984.

VIDEOS DO AUTOR:
- No dia do escritor:


Morte e funerais:



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